Brutalmente Assassinado.

           Tem coisas que a gente fala e/ou escreve sem pensar muito. Outro dia, lendo um livro, dei de cara com a expressão "brutalmente assassinado". Sei que já ouvi isso antes, mas foi só ali, naquele instante que o Tico e o Teco se manifestaram: existe assassinato que não seja brutal?
           Cruelmente assassinado eu até entendo. Afinal uma execução pode ser um golpe de misericórdia, ao passo que matar alguém cavucando o coração com uma colher é muita sacanagem.
            Ironicamente assassinado também dá para entender. A gente não costuma falar porque em momentos de luto, via de regra, não se faz graça. Todavia, acontece. Diz a lenda que Myra Jones que foi dublê de corpo da atriz Janet Leigh na cena do assassinato no chuveiro do filme "Psicose", foi esfaqueada até a morte em 1988. Arquimedes foi morto por uma arma que ele mesmo havia criado. Isso para ficar só em alguns exemplos mais conhecidos.
             Mas, voltando à vaca fria: tem como um assassinato não ser brutal? Será que tem como ser suavemente assassinado? Já pensou uma manchete dessa nos jornais? "MULHER ENGANADA ASSASSINA SUAVEMENTE MARIDO TRAIDOR". Não sei se me sentiria menos impactada ou se ficaria com mais medo dessa mulher do que do Hannibal Lecter. Acho que sentiria o sangue gelar como quando a gente escuta uma musiquinha infantil num filme de terror (putz, me deu até uns ibiridibis, agora).